Fernanda KipperAutor
Se tem uma coisa que sempre ouvi por aí, é que o Angular é verboso, complexo e “difícil de aprender”. E olha, eu até entendo de onde vem essa crítica. Mas se tem algo que essa nova versão me mostrou, é que o Angular está mudando – e rápido.
O Angular 19 veio com tudo, trazendo atualizações que o deixam muito mais competitivo frente a outros frameworks de front-end, como o React. E, sinceramente? Era exatamente o que ele precisava para continuar relevante no cenário atual. A cada versão, o time do Angular tem focado em reduzir a verbosidade, simplificar a estrutura e melhorar a performance.
Essa atualização é mais um passo firme nessa direção. Bora dar uma olhada em tudo o que mudou e como isso impacta o desenvolvimento?
Se você já trabalhou com Angular, sabe que os famosos NgModules sempre foram um divisor de águas: ou você gostava, ou achava desnecessário. Agora, o Angular 19 oficializa algo que já vinha sendo testado há um tempo: os componentes standalone são o padrão.
Isso significa que não precisamos mais de módulos para cada pequena coisa. Quer criar um componente? Basta importá-lo diretamente, sem precisar declarar em um módulo separado. Isso deixa o código muito mais enxuto e intuitivo.
É o tipo de mudança que pode parecer pequena, mas que no dia a dia do desenvolvedor faz uma diferença enorme. E olha que isso já vinha sendo um pedido da comunidade há tempos.
Outro ponto que sempre rendeu comparações entre Angular e React é a eficiência do Server-Side Rendering (SSR). O React (especialmente com Next.js) sempre teve uma vantagem nesse aspecto, porque o SSR era mais otimizado e melhor estruturado.
Mas agora, o Angular deu um passo enorme na direção certa com a hidratação incremental.
Traduzindo para o dia a dia: em vez de carregar a aplicação inteira de uma vez, o Angular agora carrega componentes de forma seletiva e progressiva. Isso melhora muito o tempo de resposta da aplicação, garantindo uma performance mais próxima ao React.
Eu vejo essa mudança como um avanço fundamental. O SSR no Angular sempre foi funcional, mas não era o mais eficiente. Agora, com a hidratação incremental, as aplicações Angular podem ser muito mais rápidas e responsivas.
Aqui está uma novidade que me deixou animada: a introdução dos novos métodos resource() e rxResource().
Se você já lidou com chamadas assíncronas no Angular, sabe que elas nem sempre foram as mais intuitivas. O uso de HttpClient junto com Observables era poderoso, mas a abordagem nem sempre era simples. Agora, temos novas formas de gerenciar essas chamadas:
import { resource } from '@angular/core';
export class ComparisonComponent {
private currentUserId = signal(1);
userResource = resource({
request: () => ({ id: this.currentUserId() } as ResourceRequest),
loader: ({ request }: { request: ResourceRequest }) => this.userService.getUserById(request.id),
defaultValue: undefined
});
fetchUser(): void {
const newId = Math.floor(Math.random() * 10) + 1
this.currentUserId.set(newId);
this.userResource.reload();
}
}
Isso resolve um dos problemas clássicos do Angular: a complexidade no gerenciamento de estados assíncronos. Agora, escrever código reativo ficou mais simples, menos verboso e muito mais eficiente.
Aqui está uma mudança que vai fazer todo mundo que desenvolve em Angular respirar aliviado.
Antes, qualquer pequena alteração no código fazia com que o Angular recarregasse toda a aplicação. Agora, com HMR para estilos e templates, as atualizações acontecem em tempo real.
Isso significa que podemos mudar um CSS ou editar um template e ver as alterações instantaneamente, sem precisar dar refresh na página.
Essa era uma das coisas que mais me incomodava no Angular, e finalmente foi resolvida. O desenvolvimento agora flui de maneira muito mais natural, sem as interrupções desnecessárias de antes.
Se você já precisou configurar inicializações e dependências no Angular, sabe que nem sempre era um processo simples. Agora, essa versão trouxe três novos providers que dão muito mais controle e organização:
Isso torna a organização do código muito mais clara e facilita a escalabilidade dos projetos.
import { bootstrapApplication, Component } from '@angular/core';
import {
provideAppInitializer,
provideEnvironmentInitializer,
providePlatformInitializer
} from '@angular/core';
@Component({
standalone: true,
selector: 'app-root',
template: `
Angular 19: Novos Providers
Abra o console para ver o resultado dos providers
`
})
export class AppComponent {}
// Realiza o bootstrap do aplicativo utilizando os novos providers
bootstrapApplication(AppComponent, {
providers: [
// Executa uma função assíncrona antes da aplicação iniciar
provideAppInitializer(() => {
console.log('Executando AppInitializer...');
// Pode carregar configurações ou realizar tarefas assíncronas
return Promise.resolve();
}),
// Configurações dependentes do ambiente (ex.: carregamento de variáveis de ambiente)
provideEnvironmentInitializer(() => {
console.log('Executando EnvironmentInitializer...');
// Lógica para configurar o ambiente
return Promise.resolve();
}),
// Inicializador da plataforma que roda uma única vez durante a inicialização
providePlatformInitializer(() => {
console.log('Executando PlatformInitializer...');
// Código de configuração global da plataforma
})
]
});
Se há algo que essa atualização deixa claro, é que o Angular está evoluindo na direção certa.
Ele sempre foi um framework robusto e completo, mas com um histórico de ser mais complexo e verboso do que o necessário. Com essas mudanças, ele se torna cada vez mais enxuto, mais rápido e mais acessível para novos desenvolvedores.
Sim, o Angular já foi criticado por suas dificuldades – e algumas dessas críticas ainda fazem sentido. Mas o fato é que, a cada nova versão, ele está resolvendo seus próprios problemas e se tornando um framework cada vez mais moderno e competitivo.
A verdade é que o jogo virou. O Angular 19 não só acompanha o mercado, como mostra que ele ainda tem muito a oferecer.
Eu achei uma boa! E você o que achou dessas mudanças?